Descrição Experimental da Voz

Sai da boca generosa de um tom avermelhado
E no lábio de baixo, ao centro, um fino e vertical traço
A voz que vibra junto com o ar que é abraçado
Na garganta quando escapa lá do pulmão apressado

Sua voz é meio ligeira, muito quente, prateada
É segura, espontânea, ri, desprende a risada
Vai falando e a voz acende, tal qual uma luz transparente
O que sente, envolvente, pele, músculo, língua e dente

Uma canção rompe o peito e pode até ser fervente
Deixando uma voz quase trêmula, cantando timidamente
Se articula, dentes, língua, um som úmido, acolhedor
Vem com tanta energia que me soa animador

Sai de águas tão profundas em ondas de querer bem
Surpreende em aconchego essa voz que vai além
Dá vontade de ouvir, de lembrar, não ficar sem
Fecho os olhos pra escutar, forte voz que a Ira tem!