A serpente

A serpente de escamas coloridas
Furta-cor
Rouba o tempo ensolarado
E a mim toma de assalto
Aiai, ioiô

Se reparte o céu primário
Dois pedaços não-binários
Causa espanto em toda gente
Há quem fique indiferente
Mas não ficou

A serpente surpreende
Ao abrir os seus caminhos
Tem quem espie o despontar
Desde o desapontar
Aguaceiro que caiu

Caiu, mas levantou
Na rasteira se arrastou
Roubou só o que era seu
Quem mandô pegá, pegô?
Dê meu arco e minha cabaça
Dê que eu vou tocá, decá
Arrobobô!

Guerreira, eu?

Guerreira
VOCÊ pode, VOCÊ consegue
Sozinha!
Assim vamos forjando
Guerreiras
Que não podem, não conseguem
Nem se descansar em paz
Ou "ajuda" pra cuidar de tudo e todes
Dizer NÃO no seu limite
A "guerreira"
NÃO TEM LIMITES
Tudo pode, nem reclama
Pensa positiva-mente
A guerreira é tipo assim...
Uma santa, né?
É ser forte, resistente
Estudando, na empresa
E em casa fazer milagre
Manda flores pra guerreira
Ensaiando enquanto é viva
Respirando entre os espinhos
Reza e faz um tanto além
Se a pessoa vive em paz
Não quer guerra com ninguém.