A serpente

A serpente de escamas coloridas
Furta-cor
Rouba o tempo ensolarado
E a mim toma de assalto
Aiai, ioiô

Se reparte o céu primário
Dois pedaços não-binários
Causa espanto em toda gente
Há quem fique indiferente
Mas não ficou

A serpente surpreende
Ao abrir os seus caminhos
Tem quem espie o despontar
Desde o desapontar
Aguaceiro que caiu

Caiu, mas levantou
Na rasteira se arrastou
Roubou só o que era seu
Quem mandô pegá, pegô?
Dê meu arco e minha cabaça
Dê que eu vou tocá, decá
Arrobobô!