Ensaio Sobre a Visão

Eu a vi
Vi com olhos de cigana
Com a visão e com a vidência de quem enxerga muito além
Vi o essencialmente invisível em contra(sons) ventriculares
Vi a divindade, seus olhares com íris e ares de mares
E dentro dos meus olhos espelhos seus lares

Eu a vi
Vi incorporando o incorpóreo
Na elevação do vestir a branca cor do indizível
Vi regressar dilatada a borda das pupilas de cor indescritível
E num susto por inteiro descortinadas as belas retinas nada fatigadas
Elevar, regressar, descortinar lançando incandescentes olhadas

Eu a vi
Vi com olhos de cigana
Com a luz da íntima e intuitiva prece
De quem enxerga no encontro a reza
De quem observa em hipnotizantes olhos
A doce e indiscutível visão do amor que se revela.