Domingas

Domingas, era como chamavam a progenitora de Theodoro Sampaio na “casa grande” ou “sobrado”; no eito da roça dos escravos era tratada carinhosamente de “Mingas”; na “senzala”, nomeavam-na “Amingas”. Ela dera à luz a Martinho, Ezequiel e Matias, de paternidade outra, antes de Theodoro nascer, e que foram, mais tarde, libertados pelo ilustre irmão, que só teve uma irmã, por parte de pai e mãe - Clotilde – a qual, contraindo himeneu com Miguel Estácio Moniz, tivera 22 filhos. (sic)

Por Antonio Carlos Nogueira Britto em conferência recitada no Anfiteatro Alfredo Britto, na Faculdade de Medicina da Bahia, em 18 de outubro de 2002, disponível em https://fmb.ufba.br/filebrowser/download/2799

Domingas, Domingas da Paixão, Domingas da Paixão do Carmo, ou simplesmente Domingas Silva (ou da Silva), minha tetravó. Mãe de Clotilde, minha trisavó. Clotilde, mãe de Cândido Estácio, meu bisavô. Ele casou-se com Maria Elísia, cuja avó era indígena. Cândido e Maria Elísia (Conceição ou "Conça"), pais de Vitalina Estácio, minha avó. Vitalina, "vovó Filha", mãe de meu pai...

"D. Domingas da Paixão, donairosa escrava do coronel Manoel Lopes da Costa Pinto, Barão e ao depois Visconde de Aramaré". Domingas, africana de etnia jeje, era escravizada no Engenho Canabrava, em Santo Amaro, província da Bahia. O cativeiro é mais perto do que pensamos, Domingas faleceu em Santo Amaro da Purificação em 10 de dezembro de 1891, já havia sido alforriada, talvez antes mesmo do ilustre Theodoro nascer, filho do português, senhor daquele engenho. Mas o que importa? Há pouco mais de um século morria em Santo Amaro a Dona que pariu Theodoro, aquela Dona (e sua história) importa!

O cativeiro é mais perto do que pensamos, onde enterram a história de quem foi/é tirado o direito de existir, por ser mulher e ter a pele "cor de ébano".