Quero ter sinceridade
Ser além dos acessórios
Ilusórios, utensílios
Quero ver atrás dos cílios
O olhar que me seduz
Ler, sentir... Sem esse cheiro
De fumaça, candeeiro
Seu poema de encomenda
Quem quiser que compreenda
Continue com seus vícios
Remendando cada rima
Dos versinhos de criança
Porque ser simplório cansa
Preto, branco, multidão
Fuja! Escravo do padrão.
Árvore de Natal
Paz
Amor
Confiança
Consciência
Companheirismo
É natal um prato cheio!
Malcriados, acreditem na existência
Papai Noel continua trazendo presentes
E para aquelas crianças grandes uma mensagem
Oxalá todos reflitam e se alegrem à sombra da árvore
Pois, ainda que ocultos, amigos, no solo da vida plantamos
Respeito
Gratidão
Verdade
Justiça
União...
Assim amadurecemos, sê mente, fruto nessa árvore de natal.
(Ver versão para a web)
Vontade
Que vontade de ser olhado
Vontade de ser ouvido
Deixo-me rimar à vontade
E a vontade fazer sentido
O raso já se faz profundo
Vou então bem lá pro fundo
Usando meia palavra
Em todo verso calado
Cada estrofe é um grito
Ousado, lambuzado
Prestes a ser sentido.
Vontade de ser ouvido
Deixo-me rimar à vontade
E a vontade fazer sentido
O raso já se faz profundo
Vou então bem lá pro fundo
Usando meia palavra
Em todo verso calado
Cada estrofe é um grito
Ousado, lambuzado
Prestes a ser sentido.
Silenciosa
Quem puder amar
Que ame um livro!
Ou algo parecido...
Faça uma leitura
Si-len-ci-o-sa
Ame calada
E ame o som
Que ele não faz
Quem puder amar
Que ame uma caixinha
De música!
Si-len-ci-o-sa
Ame o reflexo
Da porcelana
E a luz barroca
Que ela faz.
De Todos os Santos
Em Kirimuré-Paraguaçu nasci
Sou filha da terra, da água, do mato
Do ventre da índia o fruto bendito
Eu canto uma reza, meu pai é cristão
No barco europeu as vozes de Angola
Tocavam, dançavam, lutando aprendi
Cantar ladainha, a chula, corri...
Sou filha da terra, da água, do mato
Do ventre da índia o fruto bendito
Eu canto uma reza, meu pai é cristão
No barco europeu as vozes de Angola
Tocavam, dançavam, lutando aprendi
Cantar ladainha, a chula, corri...
Orquestra Castro Alves
Oca, habitação típica dos povos originários do Brasil, palavra de origem tupi-guarani. É erguida coletivamente em alguns dias e possui grandes dimensões, chegando até 40 metros de comprimento, isso porque várias famílias moram numa mesma oca. Com estrutura bastante resistente, construída com bambus, troncos de árvores e coberta por folhas ou palhas, a oca representa uma tecnologia ancestral, apropriada para o clima da região, não desabando com fortes chuvas ou aquecendo demasiadamente com o calor, além de utilizar materiais orgânicos na sua confecção.
Uma oca vem sendo construída com a participação e orientação de vários(as) integrantes do NEOJIBA. Apesar de suas famílias não estarem completas ainda, dentro em breve essa oca será grande, com todos os instrumentos necessários, pois é experimentalmente pedagógica. Seu nome? Orquestra Castro Alves. Não somente por lembrar na história do Programa sua primeira morada – o importante teatro de Salvador, situado em frente à Praça Dois de Julho – mas por homenagear também um dos maiores nomes da literatura brasileira: o baiano Antônio de Castro Alves, "o poeta dos escravos", do povo, da liberdade.
A OCA sinfônica é jovem!
Como escreveu Jorge Amado:
"Seja onde for que haja jovens, corações pulsando pela humanidade, em qualquer desses corações encontrarás Castro Alves."
E no coração de Castro Alves certamente encontramos música.
Novembro de 2009
(Argumento para o "batismo" de uma das orquestras do Programa NEOJIBA)
Ijexá
Em sua viagem forçada os(as) falantes do yorubá não trouxeram bagagem, mas nem por isso esqueceram na terra de origem suas culturas, danças, músicas, cosmopercepções etc. Uma das cidades mais tradicionais de sua história é Ileṣá, que nos tempos do império chegou a ser capital do reino de Oyó. A cidade fica situada no estado de Oṣún, sudoeste da Nigéria, e é a maior dessa região.
Dentre os tesouros trazidos com o povo conhecido como nação Ijexá está o toque homônimo que na Bahia está presente em religiões de matrizes africanas, nos afoxés e em diversas canções da música popular brasileira. O significado literal de Ileṣá, de acordo com linguistas, seria "terra escolhida", ile (casa ou terra) ṣa (escolher).
O ritmo ou gênero musical, bem como a dança característica, é repleto de energia ancestral e toda essa “baianidade nagô” está representada também na canção de minha autoria intitulada Ijexá. Sua estreia, com orquestra e coro, arranjo de Jamberê Cerqueira, aconteceu no dia 21 de outubro de 2012 na sala principal do Teatro Castro Alves, durante as comemorações dos 5 anos do NEOJIBA, composta especialmente para a ocasião.
Como o céu é do condor
Declamava Castro Alves
Na antiga Salvador
Seu coração baiano
Cantava em liberdade
Hoje o nome do poeta
Volta aos palcos da cidade
Castro Alves vem tocando
Sinfonia com fulgor
A Orquestra é dos jovens
Como o céu é do condor
Sua independência
Nossa terra não perdeu
Com a Orquestra Dois de Julho
A primeira que nasceu
Quanto sonho, tanta luta
Nós ganhamos muita glória
Roda o mundo a Yôba
Semeando nossa história
Dois de Julho, Castro Alves
Mais orquestras vão chegar
A Bahia está em festa
Parabéns ao Neojibá!
Andorinha
Mesmo sem ser pago
Vá bem ligeirinho
Conte a meu amado
Nosso segredinho
Leve esse recado
Ande, passarinho!
E ele foi...
A Fonte
Que faz o tempo, além de séculos intermináveis, horas que nunca param
E em tempos passam depressa? É a pressa, demoramos a entender
Servos das palavras, que não nos deixam dormir, acordamos
No real imaginário, da brincadeira só nos resta rir
E a fonte? Desejos que nunca secam! Moeda, dobrão de cobre é ouro
No mundo onde equilíbrio vive de cabeça pra baixo
Quer sol? Abraçaremos o fogo
Quer lua? Esse encanto tão longe
Quero nada
Escuto a entrega, deixo-me envolver
Quiçá não são fantasias
Só os desejos na fonte
Segundos demoram. Tempo, apresse seus dias
Desejo que eu te espere em meu tempo
Espero! Apressada
Sim, na fonte há prazer.
E em tempos passam depressa? É a pressa, demoramos a entender
Servos das palavras, que não nos deixam dormir, acordamos
No real imaginário, da brincadeira só nos resta rir
E a fonte? Desejos que nunca secam! Moeda, dobrão de cobre é ouro
No mundo onde equilíbrio vive de cabeça pra baixo
Quer sol? Abraçaremos o fogo
Quer lua? Esse encanto tão longe
Quero nada
Escuto a entrega, deixo-me envolver
Quiçá não são fantasias
Só os desejos na fonte
Segundos demoram. Tempo, apresse seus dias
Desejo que eu te espere em meu tempo
Espero! Apressada
Sim, na fonte há prazer.
Vela
Ê barco solto no mar
Coração entregue ao tempo
Fica manso à deriva
Viaja conforme o vento
Ê barco, ê coração
Vela, santo e oração.
Coração entregue ao tempo
Fica manso à deriva
Viaja conforme o vento
Ê barco, ê coração
Vela, santo e oração.
Calêndula
Nenhuma resposta é precisa
Mas a língua entendida
Cálida
Para cada palavra perdida ao sabor da boca entreaberta
O olho faísca, o espelho na dúvida cai despedaçado
Tal qual a margarida em mão enamorada
Árida
Que mal me quer quem me quer bem?
Amarga ri da questão
Cai despetalada
Pálida
Renasce flor no chão.
Aiyê
O céu da Bahia existe
Nas ruas e praças, amado
É o mais belo ainda, resiste
Irrompe a manhã, rio dourado
Bem negro, é raro presente
Repleto de paz vem sem mágoa
A voz tem um timbre ardente
Percute tão forte, deságua
Seus braços, seus pés compassados
História e magia percorre
Trançados, panos transpassados
O mais belo rio em mim corre
Será eu, você? Que beleza!
Nós dois somos da Liberdade
Dançar todos vão com certeza
Cantar sempre o Ilê na cidade.
Rua Sem Começo
Numa rua sem começo
Foi cantar um passarinho
Que voou querendo pouso
Cansado de ser sozinho
No meio da rua encontra
Os versos de um trovador
Se dizendo apaixonado
Querendo ser seu amor
A paixão que nem é cega
Passando sem perceber
Espantou o passarinho
Porque bicho não quer ver
E se quer respeita o amor!
Se vem pássaro, ou jasmim
Se é poeta, gente, flor
Importante é não ter fim.
Rua Sem Fim
Só o tempo vai dizer
Desconfio da paixão
Que passa sem perceber
Numa rua sem começo
Foi cantar um passarinho
Perdido, cheio de pena
Sem meio de achar seu ninho
Sem meio e sem começo
Do começo ao meio, enfim
Confio mesmo no amor
É rua que não tem fim.
Satori
Nenhuma poesia
Me completa
Hoje, não só
Poesia, completa-
Mente vazia
Alma sem palavra
Meu corpo é nada.
Olhares
Vi seus olhos
Estavam com sede
Vi e senti doçura, eu gosto!
Tem certas águas que a gente até sente gosto
Gosto de me ver dentro d’água, doce
Vi seus olhos, também estavam
Com as águas, doces.
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