Em canto

Na noite fria, solitária
Depois que dorme a cria
Invisível ao mundo
É ela, a mãe
Alimento, apenas
Quando o silêncio chega
Rasgando
Seu corpo
Já não existe mais
Na noite fria, solitária
Antes que acorde o mundo
Ela, mulher
Memórias, apenas
Do mundo esquecido
Na noite fria, solitária
Quando a lua se enche, distante
Ói ela, molhada
Sereia, apenas.

2.2.2018

Soneto de um amor só

Amor? Só há
Barriga cheia, berço vazio
Amor? Só há
Boca fechada, peito frio

Amor? Só ar
Barriga vazia, berço cheio
Abre boca, enche peito
Deixa o rio, amor, soar...

Nove meses, três
Dois às vezes
Nada move há seis

Amor? Só, ah!
Barriga, berço, boca, peito
Sou mais uma vez.

7.12.2017